sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005

A quê cracia?



Assisti com bastante atenção ao primeiro (e único) frente a frente entre Sócrates e Santana. Vi todas as repetições, de todos os ângulos, nos vários canais. Li comentários, reacções, vi os meninos da JSD aos saltos com hinos de louvor ao seu consagrado líder, vi os senhores jornalistas a explicar quainhentas mil vezes aos senhores candidatos que não podiam interromper o adversário, vi os senhores candidatos e dizerem sim senhor já percebi e a cometer a mesma falta logo de seguida. Mas, acima de tudo, vi um grande vazio ideológico (de ideologia, de ideias, de idiotas). Vi um Portugal no presente e um Portugal do futuro próximo mergulhado nesse vazio. Um Portugal espremido até ao tutano por esta Ditadura Bi-partidária que o deixou magrinho. Um Portugal apenas com duas alternativas de poder que já provaram estar esgotadas e terem esgotado o sistemo democrático actual. Um PS e um PSD que pintam um Portugal cinzento. Um PS e um PSD fartos de governar. E um BE, uma CDU e um PP para cumprir calendário (porque não os deixamos ser mais nada) à espera do milagre das coligações. Vejo esta democracia a dizer "morri, mas não me deixam morrer". Vejo um voto em branco, apetece reler Saramago. Apetece-me gritar: "Leiam Saramago e os porquês da Lucidez!". Mas depois não grito, nem leio.
Mas... e a seguir à democracia vem o quê? Alerta vermelho de quem nada sabe: estamos a viver uma fase de transição extremamente perversa e imensuravelmente perigosa. Sublinhem os advérbios de modo para depois não dizerem que não avisei.

Sem comentários: