domingo, 11 de fevereiro de 2007

Descrença na cidadania e na responsabilidade cívica


Num referendo acerca de uma matéria tão sensível e de índole tão pessoal, a minha descrença na validade de uma consulta popular neste país aumentou .
Com cerca de 900 freguesias por apurar, neste momento, a abstenção ronda os 58%. Abaixo de referendos anteriores, é certo, mas impensável num país que se quer mais empenhado, mormente em actos de responsabilidade cívica. Além disso, depois de uma campanha, de parte a parte, mais interessada, mais participada e participativa, mais efectiva.
À semelhança do referendo de 1998, não sendo um resultado vinculativo deverá ser, agora, devidamente legislado, com todos os prós e contras que da lei a criar possam advir.
Em primeira análise, e ainda a quente, vergonha por ser concidadão de uma maioria que se abstém de exercer um direito adquirido à custa do sacrifício de muitos.

Uma análise mais aprofundada dos resultados e das suas consequências num outro post, ainda a elaborar.

4 comentários:

hfm disse...

Tens razão por isso escrevi na Cabotagem que cumpri um dever e usufruí de um direito mas, desculpa lá, a quente estou feliz!

palito disse...

infelizmente é o país que temos,os valores morais e éticos já não existem. quem a quente e a frio esta contente...deveria ter "esperado" até agora para ser "feito" para poder ser um aborto legal e não defender valores de merda.estas pessoas que exultam de alegria mereciam isso.

Hélder Beja disse...

infelizmente engrossei a abstenção neste referendo. e digo infelizmente porque não deixei de votar por opção ou conveniência mas tão só porque me não foi possível.
explico (porque, como eu, muitos): estudante, não endinheirado e a viver a mais de 300 km de casa. visitar a 'terra' é, pois, avulta jornada. em tempo e dinheiro, especialmente dinheiro. e, por isso, retido em Braga, o voto foi ao ar. infelizmente.
urge criar mecanismos de voto à distância (os que existem são limitadíssimos e bastante restritos). porque, existissem tais possibilidades, e com certeza a abstenção não teria tais proporções.
abraço envergonhado.

Rui Afonso disse...

A impossibilidade, caro Hélder, é bem diferente da falta de vontade. Se está chuva, as pessoas ficam em casa. Se está sol e calor, vão para a praia. Tudo parece ser importante, excepto votar. Cheguei a propor, em tempos, num qualquer texto antigo de outro espaço, que marcassem idas às urnas para um qualquer dia da semana, dispensando a tarde a todos os trabalhadores que provassem ter votado. Garanto que a abstenção seria muito menor. E, sim, concordo que deviam facilitar o voto à distância. E logo no país do propalado choque tecnológico. Mas cada vez me irrita mais este laxismo português...

Um abraço